Personagem #4: Utgart Theren

ElfoHistórias de amor são apenas fábulas e todo os dias a cicatriz mágica no rosto de Utgart o faz lembrar disso. Preciso e mortal o meio-elfo é capaz de matar um formiga a metros de distância. Seus cabelos são negros como a noite, refletindo os de sua mãe. Dizem as lendas de sua terra que ele nasceu no meio da lagoa da lua, o lugar mais sagrado do reino dos elfos da floresta de Vilir, com o espírito da deusa da lua o abençoando. Os elfos deste lugar são conhecidos por serem xiitas e não admitirem humanos, anões ou halflings em suas terras. Quando o filho do rei se apaixonou por uma humana toda a corte fez o possível para que a história nunca fosse descoberta, a humana estava grávida. Eldar, seu pai, implorou para que Eru, avô da criança, não matasse sua paixão e nem seu filho. Eru não podia admitir tal coisa e na noite que o pequeno nasceu, sob a maior lua daquele ano, sua mãe, que ele se quer sabe o nome, foi assassinada e ele polpado simplesmente por parece um elfo, com suas orelhas pontudas e cabelos lisos.

Sua infância não podia ser considerada difícil, ele viveu como um nobre da corte, para as massas ele era o filho de um casal de elfos algumas classes abaixo do rei, tudo orquestrado para que ele não fosse ligado ao então príncipe. Vivendo naquela casa Utgart era feliz, ele sabia de toda a verdade, mas nunca nutriu ódio por seu avô. Vivendo com os seus pais adotivos Utgart conheceu Elentari Theren, filha biológica deles, por quem se apaixonou. Os dois viveram um grande amor em sua adolescência e juntos, pela tutela de secreta de Eldar, sempre aparecendo para se assegurar das condições de seu filho, eles treinaram como Rangers, desenvolveram habilidades fantásticas com arcos e lâminas e passeavam pelas florestas caçando animais e inimigos, chegando a um nível que nenhum soldado do reino havia alcançado.

As guerras naquelas terras atingiram o reino e aquele lugar que não movia um dedo agora precisava lutar ao lado dos povos que desprezava para que fosse mantido de pé. Mortos-vivos e demônios de uma feitiço invocado próximo da floresta estavam atacando vilas próximas, mas Eru, o rei, negava qualquer ajuda. Foi quando Eldar, contrariando seu pai, marchou com um exército de quatrocentos elfos e salvou duas vilas humanas. Voltando com uma baixa de cinquenta vidas élficas ele despertou a fúria de Eru, ele não podia admitir vidas élficas sendo trocadas por nada, o ódio por seu filho e o medo de ser retirado do trono por seu próprio descendente deu para Eru, naquele ano, o título de tirano.

Os elfos passavam fome e os ataques à cidade aumentavam, Eru apenas mantinha seu foco em controlar o filho. Por muito tempo Eldar não viu Utgart, uma vez que estava muito ocupado tentando ser diplomático com o pai e toda a classe da nobreza que Utgart se encontrava começou a perder seus bens, a pobreza começou a atingir até mesmo aqueles mais afortunados. Nenhum deles chegou a passar fome, mas para aqueles que viviam sob tanto luxo, uma mudança assim podia ser enlouquecedora e qualquer proposta tentadora.

Em uma conversa com Utgart, Elentari falou que conseguiu um trabalho especial, algo que pagaria tão bem que eles viveriam na riqueza novamente por décadas. Com um frasco estranho em mãos ela saiu da casa e foi em direção à parte mais alta da cidade. Utgart não entendeu nada, para que um trabalho que trouxesse riqueza se o amor dos dois já o completava? Ele sentou e ficou pensativo, notando que sua amada havia esquecido seu arco, como iria caçar um animal selvagem ou algum inimigo sem seu arco?

Utgart a seguiu pelo seu cheiro, o odor que framboesas que até hoje, anos depois, ele recorda. Quando chegou nos arredores do castelo viu sua amada, mas muito diferente do que era. Sua pele tinha outra cor, o brilho dos seus olhos se apagara, eram os efeitos de uma droga que há pouco havia se espalhado pelas partes cada vez mais pobres da cidade, sangue de grifo. O líquido dava poder, força imensurável e uma agilidade incrível. Foi ali que o elfo descobriu quem era a vítima de sua amada, que se vestia com uma armadura de soldado e empunhava uma adaga que ele já havia visto com o próprio rei. Naquele momento Eldar perdeu a vida, na frente de seu filho.

Lágrimas, flechas e sangue são as únicas coisas sobre as quais Utgart falou sobre enquanto esteve preso. Ali ele matou o seu amor e pelo seu avô, mandante de toda ação, foi acusado de traição. Marcado magicamente no rosto, impedido de entrar ou sair daquela floresta, chegava a hora do filho do príncipe morrer, execução do elfo seria no dia seguinte, ele se quer tinha vontade de viver. Na noite anterior a sua execução a lua brilhou em sua cela, a marca em seu rosto momentaneamente desapareceu, ele, pela primeira vez, enxergou em algum lugar daquela sala úmida o rosto de sua mãe e usando as habilidades que seu pai um dia lhe ensinara ele escapou, vivendo hoje como um fugitivo, sem ter pra onde ir e nem casa para voltar, com todos os elfos reconhecendo a marca em seu rosto.

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